No Brasil
Sentir na pele a discriminação é algo que alguns de nós ainda não provamos, mas a “dor” que se sente por ser tratado como o “diferente” é muito maior que se pensa. Fui praticamente criada numa favela conhecida no Rio de Janeiro, o morro da formiga, e tenho ainda muitos parentes e amigos que vivem por lá. Lembro que quando eu era criança e eu subia o morro, sentia muitas vezes uma “rejeição” de alguns por eu não pertencer ao local ou morar na “rua” (Asfalto - esse era o jargão para quem não morava no morro) e não nego que também o fator de eu ser branca influenciava. E eu sofria na época sem entender os motivos, com isso eu me sentia isolada do grupo. Fui crescendo e consegui conquistar o espaço do grupo e hoje os meus melhores amigos eu fiz lá. Percebi que pelo fato da minha “criação” ter sido em parte no morro me fez ter uma visão bem diferente dos meus amigos criados em casas, vilas e prédios. Deparo com circunstâncias hoje em dia que só me vem o estalo de que minha percepção é diferente justamente pelo meu convívio no morro.
Mas vejam que o que eu contei não se refere somente a minha “penetração” na favela, mas de como nós tratamos aqueles que vêm para a “rua”. O Rio de Janeiro é uma cidade que não demonstra claramente preconceituosa, mas será mesmo que não é?? Qual seria o reflexo de tanta violência na cidade?? Seria em parte por não darmos espaço para eles?? Pode ser que sim, pode ser que não... Vai saber?
Descriminar racialmente é crime! Eu não sei como eu agiria nos dias de hoje se eu me sentisse rejeitada novamente, mesmo sendo pela raça oposta. Então precisamos realmente entender como é se sentir discriminado!! E acima de tudo respeitar as diferenças, seja em raça, gênero, cultura ou faixa social!
Na Índia
Aqui eu sou a “diferente”, mas nunca me senti rejeitada e muito menos discriminada... Até pelo contrário!! Eles nos olham com um olhar de admiração o que me assustou muito no inicio, me sentindo como se eu fosse famosa!! Pois eles querem tirar fotos e tocar na gente o tempo todo... Principalmente na minha filha por ser muito loirinha! Mas que diferença, né?? Ser olhada com admiração e não com discriminação!!
Mas aqui na Índia existe um preconceito muito mais complicado de ser combatido... Que é o preconceito das diferenças de “castas”! Aqui só se casa quem é da mesma casta... Ficam limitados a mesma posição profissional entre outras coisas. Mesmo que seja “proibida” por lei essa discriminação, o povo ainda sim mantém as regras das “castas”. O que é muito assustador!! Viver limitado e “manipulado” pelas castas superiores!! Um povo que se conforma com a regência das castas para não ser “amaldiçoado” e ainda entendem que é uma condição divina. Isso para mim ultrapassa a palavra discriminação... isso é escravidão sem correntes!
Hoje é dia para mostrar a todos o quão imbecis somos em teimar em nos dividir.
Pois somos feitos da mesma terra, do mesmo sopro...
Ame ao próximo como a si mesmo!!
Esta postagem é parte da blogagem coletiva contra a discriminação racial. Veja quem está participando no blog do Lino Resende. Participem também comentando!!
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28 comentários:
Poliana, concordo com você.
Quem discrimina é imbecil, até cientifcamente falando.
Somos os mesmos, estamos todos sujeitos a todos os sofrimentos que só aumentam quando o preconceito se faz presente em nossas realidades.
Belo post!
beijos
Excelente.
Todo dia é dia contra a discriminação racial.
Poliana,
É triste qdo percebemos que nossa cor, condição social ou cultural precede o que somos de verdade e que tais quesitos separam as pessoas ao invés de nos aproximar.
Mas, seguimos com o desejo de um dia entendermos que somos todos filhos de um Pai.
As suas frases finais dizem tudo e deveria ser o lema da humanindade.
Ah, se quiser me linkar aqui, fique a vontade tá? Já estamos linkadas no myblogLog. Vou te linkar lá tbm.
Um beijão e ótimo dia!!!
Poliane, falei exatamente isso no meu post: um dia podemos ser diferentes para alguém! Se todos tivessem isso na cabeça, as coisas seriam bem mais fáceis!
Que barato achar uma conterrânea na Índia!!!!
Poliane, como você escreve bonito! Que gostoso foi ler o seu post desta blogagem. Você tem um estilo sóbrio, parecia que eu estava lendo uma daquelas matérias jornalísticas em que o autor vai mostrando ponto por ponto até levar à conclusão, que resume tudo o que foi escrito numa só frase. Pô, gostei mesmo. Pode crêr que vou voltar mais vezes. Adorei o teu post, principalmente por você ter mostrado, como o Cejunior já disse, que também podemos ser "iferentes"em certas circunstâncias. Abraços, Mário.
Oi Poliane! Seu blogue está com o mesmo problema que eu estava um tempo atrás, fecha do nada! Tive que vir pelo link permanente.
Também já fui discriminada por ser branca. Vivo numa família sem preconceitos, até porque já foi vítima de um e por isso, na educação, meus pais nos direcionaram a conviver com todos de maneira igual, sem distinção. Meu pai é descente de árabe, daí já viu.
O maior preconceito no Brasil, não é contra os negros e sim contra a pobreza.
Beijus
Até posso entender a resignação, mas não a reprodução do sistema de castas. Belo post.
Poliane:
Bonita e sensível a tua manifestação. Que proliferem mundo afora pessoas com essa visão e postura de vida solidária. Se assim for, certamente o mundo será um lugar bem melhor pra se viver.
Um abraço.
Ótimo texto!!
Eu acredito que o preconceito maior está além da cor, está na cabeca de cada um.. é esse "pré-conceito" que devemos vencer!!!
Tenhas um ótimo dia!
Beijos..
Tb sou participante da blogagem coletiva do Lino e achei um tema excelente de ser abordado, as pessoas tem q aprender enxergar além da cor que está na pele.
Tenho orgulho de ter amigos negros. Valem muito mais q do que alguns brancos q eu conheço.
Big Beijos
a sua experiencia na infancia eh bem parecida com a minha, tb me sentia diferente enquanto crescia.
Gostei do seu post.
BJS
Poliana, q post lindo!!! Adorei!! E achei mto legal sua historia!!! Como vc foi parar na India?!?!
Beijos, Dani
Interessante como a religiosidade mantem os inferiores submissos. O mesmo acontecia na idade média. belo relato
Falou bonito minha irmã!!
Poliane, adorei receber sua visita.
Cheguei, vi voce e gostei.
Vou voltar aqui e te conhecer melhor. Voce é mais uma amiga que conquistei.
Fiz um complemento do meu post, achei necessário, em virtude de um comentário que recebí.
Vou ler tudinho aqui e comentar. Pode esperar, sóa que agora tenho que agradecer a todos que me visitaram.
Um beijo prá vc e prá Giulia.
Poliane, desculpe, esqueci de falar, que como vc, mostro o que é ser discrimando no complemento do post que fiz.
Beijos
Oi Poliane, como vc está?!
Muito bacana e importante seu depoimento. É trazendo pra vida real, pra nossa vida estas questões que poderemos modificar algo. Lembrando que toda transformação verdadeira começa de dentro pra fora... bjos!!! Tudo de bom!!!
India??
Que longe!
Mas não importa onde vamos, sempre vamos esbarrar nesse muro: Preconceito! Só temos que lutar e não ficar parados diante da situação!
Tb faço parte da blogagem e vc está linkada em meu blog!
T+
Oi...belo post...e relato muito interessante... o que nos mostr aque a vida é um aprendizado constante e o preconceito é algo absurdo e irracional...
Muito bom o seu blog...Tb estou na blogagem...
Bjo carinhoso,Crissss...
Olá :)
Tb estou na blogagem e estou surpresa com tanto material bom q tenho lido.
Acho q a gente não precisa ser o 'alvo' da discriminação pra senti-la na pele.
Claro q somos difentes...fisica e moralmente, e isso é muito bom desde q essas diferenças não sejam vistas como vantagens ou desvantagens, ou seja, se elas não nos tornarem melhor ou pior q os outros. O ideal é q sejamos iguais com nossas diferenças.
E claro q é muito bom ser bem tratado, mas talvez não me sentisse bem se me vissem como 'melhor' q os outros pela cor da minha pele os dos meus olhos.
Beijão :)
Pois bem, creio que a discriminação no Brasil não exista a níveis paranóicos mas também não posso negar a sua total ausência...
É bom lutarmos contra isso mesmo sabendo que possa não produzir efeito nenhum, que peguemos o exemplo indiano de luta Gandhi pra continuarmos lutando contra aquilo que acreditamos estar errado...
Poliane:
Belo contraponto entre duas realidades, a do Brasil, que exclui de uma forma, e a indiana, que o faz de outra. Pelo que mostrou, de forma menos injusta que no Brasil.
Muito obrigado por sua participação.
Oi,,
Diferença de horário causa isso mesmo, eu tb ja senti isso na pele e ja cometi algumas gafes como ligar na casa de pessoas de madrugada aqui no Brasil quando já era de manha onde eu estava, normal isso...
E é incrivel como muitas vezesa cultura de um povo os limita, mas cada um com sua fé e crença...
Um beijo
Oii, bom ontem não consegui postar por alguns problemas no meu pc, mas hoje eu falo, acredito que estamos vivendo uma época de bem menos discriminação racial como antigamente. Mas, infelizmente ela continua, e a maioria das vezes é por nossa causa, de acreditar que o brasileiro que vive "na rua" como você disse, nucna vai ter expectativa nenhuma da vida. E também por "roltular" as pessoas com as que podem e as que não podem. Acho estremamente controlador esse tipo de "casta" que existe não só na Índia mas no mundo inteiro, a diferença é que na Índia eles assumem mesmo, mas aqui, "político" é uma pessoa comum, ou será que não?
Muito obrigado por ter me chamado. Vou ir lá no lino, acho que ainda há tempo, tá certo que to atrasado, mas para o fim do preconceito não há tempo nem dia, é HOJE e AGORA!
a discriminação é frustante e é tão baseada na ignorância que tentar argumentar contra ela para quem discrimina é como discutir dogmas sagrados. quando li seu relato pessoal, lembrei-me que na infância estudei numa escola bem humilde em que eu era a única branca. os outros alunos me tratavam com desdém, sempre me agrediam porque eu me esforçava para tirar boas notas, mas para eles eu era protegida por ser branca. quanto mais esforço eu fazia, mas o desprezo aumentava. foi preciso muito espirito e boa vontade para mudar esse quadro, mas que teve de partir de todos os lados.
Belo post sobre preconceitos. Boa semana. Bjus
Poliane, muito rico seu texto. Cada visão traz lições para nós. A humanidade ainda tem que sair desse rastejar para a dignidade sob todos os pontos de vista. Não é possível que ainda se propugne por uma falsa superioridade. Abraços a vc e parabéns pela clareza com que soube assimilar as vivências.
Oi Poliane!
Primeiramente fico grato pela tua visita e pela tuas palavras em meu blog.
O pior de tudo é que no caso que citei não era uma amiga, era a minha própria irmã quem discriminou um amigo meu, dizendo que não comeria na mesma mesa que ele.
Até certo ponto eu sempre tento ser compreensivo com as pessoas, visto que nem todo mundo muda de uma hora pra outra, aliás, isso não acontece. Acho que isso me fez ficar mais calado na hora, mas como disse, chorei bastante quando fiquei a sós com o meu namorado.
É uma tristeza viver numa sociedade onde tem tanta bobagem na cabeça das pessoas. O Sul tem muito dessa coisa machista, e sabe o que mais? As próprias mulheres como as minhas irmãs e familiares, parecem ter isso ainda mais arraigado na cabeça.
Gostei muito da tua foto no Taj! Sabes que na minha faculdade estudamos fundamentos da Med. Ayurveda.
Um grande abraço pra ti! Mtas felicidades na Índia, terra do nosso bom Ghandi!
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